quinta-feira, 29 de maio de 2008

Nos diferentes locais em que se encontram, os seres humanos contactam com espécies animais. Muitas destas são benéficas, como produtoras de alimentos, como animais de companhia ou como predadores de espécies indesejáveis, enquanto outras, as que causam as pragas, desencadeiam situações de risco para a população humana porque mordem, porque picam, porque transmitem doenças, porque deterioram alimentos e outros bens ou, mais simplesmente, porque de diversas formas, directa ou indirectamente, provocam incómodo ao homem.

As pragas podem dividir-se em agrícolas e não agrícolas ou urbanas, definindo-se as últimas como as que actuam nos núcleos urbanos, nas actividades que ali se realizam e no meio envolvente transmitindo doenças infecciosas, estragando ou perturbando o habitat e o bem estar humano. O controlo das pragas urbanas tem então como finalidade a protecção da saúde e do bem estar da população, impedindo a partilha dos alimentos, das habitações, dos locais de trabalho e recreio, entre outros, com insectos, roedores e outras espécies causadoras de pragas.

O controlo de pragas urbanas pode ser definido como um sistema que inclui medidas preventivas e correctivas, de modo a que as espécies que causam as pragas sejam mantidas em níveis que não conduzam à ocorrência de problemas significativos. Os programas de controlo de pragas devem assim incluir diversos níveis de intervenção, abordagem designada Controlo Integrado de Pragas.

Pretende-se com esta abordagem optimizar as técnicas de controlo de pragas tendo em consideração critérios ecológicos, económicos e toxicológicos. Assim, o Controlo Integrado de Pragas inclui a inspecção dos locais afectados, a identificação e o conhecimento detalhado da praga, a determinação da necessidade do controlo e o planeamento das actividades a desenvolver, a implementação de medidas de controlo e finalmente a supervisão das medidas implementadas e a avaliação dos resultados obtidos.

Entre os filos que compõem o reino animal, o dos artrópodes é aquele que compreende o maior número de espécies envolvidas nas pragas em geral e nas que interferem com o habitat humano em particular. Destacam-se em especial os insectos, classe que engloba quase dois terços das espécies descritas como de risco para o ecossistema humano. O filo dos cordatos é neste aspecto o segundo mais importante; inclui, entre outras, as classes das aves e dos mamíferos a que pertencem também importantes espécies causadoras de pragas urbanas

As espécies que causam pragas urbanas podem ser divididas ou classificadas de diversas formas. É frequente o seu agrupamento em função do tipo de problemas que causam ao homem e ao seu habitat, como por exemplo em pragas dos alimentos armazenados, pragas dos tecidos, pragas do papel, pragas da madeira, pragas provocadas por espécies que mordem, picam e provocam irritação, pragas ocasionais, etc. Ainda que muitos destes grupos se sobreponham, a classificação de uma praga num grupo apropriado permite aos profissionais que lidam com estes problemas conhecer os aspectos mais importantes do comportamento da praga, informar o cliente sobre os hábitos específicos dessa praga e ajudar outros profissionais do ramo a planear e a conduzir um programa de controlo adequado.

As pragas que afectam alimentos armazenados são inúmeras. Infestam armazéns de cereais, comboios, barcos e camiões utilizados para o seu transporte, restaurantes, fábricas de processamento de alimentos, habitações, estabelecimentos comerciais, etc., ingerindo os alimentos destinados ao homem e contaminando-os, o que leva a prejuízos consideráveis. As pragas que afectam os produtos alimentares podem ser de dois tipos: as atacam os alimentos apenas para os ingerir (por exemplo, roedores, baratas e formigas) e as de espécies que dependem desses alimentos para completar o seu ciclo biológico (por exemplo gorgulho e traças).

As espécies que pertencem ao primeiro grupo não são normalmente muito selectivas quanto ao tipo de alimento, passando-se o contrário com as do segundo. Algumas pragas dos alimentos armazenados podem ter origem no campo antes da colheitas, enquanto outras apenas infestam os produtos durante as fases de processamento e armazenamento.

Os insectos que infestam os tecidos podem causar prejuízos importantes. Além de perdas no seu fabrico e nas operações de armazenamento, há ainda que ter em conta os prejuízos de menor escala causados a nível doméstico.

Os materiais infestados incluem vestuário, componentes do mobiliário como tapeçarias, almofadas e revestimentos de lã de qualquer outra peça. As fibras e os materiais sintéticos apenas acidentalmente são afectados, devendo-se geralmente a sua destruição à presença de manchas provocadas por alimentos gordos, por secreções corporais ou por outros resíduos que são objecto do ataque dos insectos.

As pragas dos insectos dos tecidos são problemáticas devido à capacidade que aqueles têm para digerir a queratina, principal proteína constituinte por exemplo dos cabelos, das unhas e da pele nos humanos, e das penas, dos cornos, dos pelos, da lã noutras espécies. Esta capacidade particular de digestão da queratina, aliada ao uso frequente pelo homem de tecidos de lã e outras peles de animais, constituem a base dos problemas de pragas que afectam os tecidos.

As peles, os couros, as penas, as colecções de insectos ou outros animais, bem como qualquer alimento armazenado como carne, peixe e produtos lácteos são também vulneráveis a pragas destes insectos. Existem ainda outras espécies que destroem tecidos por mastigação mas não digerem a queratina, como por exemplo os peixinhos de prata, as baratas e os grilos.

Embora a sua utilização nos edifícios tenha sido consideravelmente reduzida, a madeira encontra-se bastante difundida no ambiente humano. Diversas espécies podem afectar este material, nomeadamente térmitas e carunchos.
Outras espécies causadoras de pragas no interior dos edifícios e nos bens que ali se encontram são por exemplo os piolhos dos livros e os peixinhos de prata. Vivem também na proximidade dos edifícios e por vezes podem provocar pragas as aranhas, os grilos, as abelhas, as vespas, as formigas, as bichas cadelas, as maria-café e as centopeias.

As reacções humanas às espécies que picam, mordem ou provocam irritação são diversas, desde as praticamente inexistentes até a tumefacções ou outros problemas alérgicos de extensão alarmante. Por outro lado, muitas das espécies causadoras destas pragas transmitem ao homem agentes etiológicos de doenças infecciosas. As principais espécies que se incluem neste grupo são artrópodes, como as carraças, os ácaros, os piolhos, as pulgas, os percevejos, os mosquitos, as moscas, as abelhas, etc.

A sua origem pode ser diversa, nomeadamente a partir do exterior pelas portas e janelas, de animais presentes nas habitações, de outros humanos directamente ou por partilha de bens e utensílios, de alimentos, de instalações sanitárias públicas.

Muitas das espécies referidas incluem-se no grupo das designadas ‘pragas ocasionais’, ou seja as que vivem no exterior e em determinadas ocasiões, atraídas por factores diversos, entram nos edifícios mas não completam aqui o seu ciclo de vida. Normalmente não provocam danos elevados e a sua presença é considerada inofensiva. Muitas pragas ocasionais entram nos edifícios enquanto voam durante a noite atraídas pela luz; algumas são comuns às diversas regiões do globo, enquanto outras têm incidência apenas em determinadas regiões; algumas causam danos elevados no mobiliário e outro equipamento doméstico, enquanto que outras são venenosas ou produzem reacções alérgicas.

Os métodos disponíveis para controlo de pragas urbanas podem dividir-se em passivos e activos, incluindo este grupo meios mecânicos, físicos, químicos e biológicos.
Antes de aplicar qualquer dos métodos referidos, tanto com finalidades preventivas como de tratamento, as primeiras medidas de controlo devem sempre orientar-se no sentido de contrariar os factores necessários para a sobrevivência e desenvolvimento das pragas, ou seja, basicamente, a disponibilidade de alimento, água e refúgio.


Assim, devem ser sempre implementadas, ou corrigidas, as medidas de higiene e saneamento necessárias para controlar aqueles factores e outros favoreçam o estabelecimento das pragas. A utilização de meios passivos, como a colocação de estruturas que permitam isolar as habitações e outros locais (grelhas nas aberturas de ventilação, redes nas janelas, etc.), poderá então ser considerada. Em seguida, é também necessário na maioria dos casos adoptar medidas baseadas na utilização de meios químicos, físicos, mecânicos ou biológicos, que associadas às anteriores contribuem para um controlo integrado dos problemas.


Fonte
http://www.vetpermutadora.pt/pragas_urbanas.htm

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